terça-feira, 5 de julho de 2016

Descobertas em outro 'Mundo'

(31.03.2007) Verguelina de Órbigo, pequeno povoado na bucólica província de Leon, na Espanha. Ano de 2001. Em um dia, desta inesquecível viagem a terra que foi palco para as atrapalhadas de Quixote e Sancho, decidi, depois do incentivo do amigo Silvio, conhecer melhor e, sozinho, as ruas e monumentos da bela capital, Madri. Meu amigo me levou de Veguelina a La Banheza, uma cidade maior e mais próspera. De lá, peguei o ônibus para Madri, viagem de 200 quilômetros. O percurso foi formidável. Eu estava lá. Só. Tudo era novidade pelo caminho. O coração batia alegre por desbravar caminhos tão antigos e tão galgados por outras gentes, ao longo da história.Cheguei a Madri, depois de duas horas e pouco de viagem... Lá estava eu. Só. UM mundo desconhecido. UM continente. UMA língua. UMA cidade. Tudo era novo. Tudo era só conhecimento do ainda não visitado. Da Estação do ônibus, embarquei em um trem até outra estação, Atocha. De lá, as portas se abriram para o centro de Madri. Que magnífico. Que esplendor. Que cidade bela. Que monumentos. Senti que a história ali tinha passado. Deixei a estação e fui a pé por avenidas seculares, prédios históricos. Ali estava eu. Ali estava o mundo magnífico, palco do romance de Cervantes. Atravessei as avenidas... Passei em frente à quadra do magnífico e pérola do mundo moderno, o museu do Prado. Como estava com pouca bagagem, pra dizer a verdade, quase nenhuma, praticamente a roupa do corpo e uma máquina fotográfica, tive facilidade de locomoção e embarquei-me em uma aventura impar. De cara comprei um “pacote” pra visitar mais dois museus, além do Prado. Poderia ter ficado ali um ano, contemplando obras esculpidas por homens que fizeram história. Homens que retrataram, através da arte, os encontros e despedidas das eras. Homens que divulgaram, através dos pincéis, as tragédias e tempos gloriosos do antigo mundo. Que visita, que passeio. O almoço foi ali perto. Lembro-me bem. Uma salada, uma chuleta de ternera e uma Tônica. O dia se findava, era o crepúsculo, mas para mim era a novidade, o não vivido. O presente e nada mais. Peguei o metrô e fui para outro ponto de Madri. Ali também a cultura era expressiva. Um centro histórico. Escolhi um hotel bem a cerca da estação para facilitar. O Local era simples e ali havia escadas antigas. O quarto tinha o básico. Após o banho, conheci um pouco a região. Os bares com um requinte ímpar. As calçadas e as ruas cheias de cadeiras e mesas. // Algo, poderia dizer, como a um vinho, encorpado. Um senhor ali tocava seu violino e o clima de Madri embalava meus pensamentos. Um vinho... No outro dia, acordei bem cedo. No centro da cidade um ônibus, com o teto aberto, permitia uma viagem nos pontos históricos de Madri e ainda com uma gravação em português para se inteirar da história e de cada lugar, de cada monumento. Neste mesmo dia, à tarde, retornei a La Banheza. Dali um táxi me levou a Veguelina de Órbigo. Foi um dos melhores dias da minha vida.

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